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Manifestações do sono em doenças psiquiátricas, além da insônia e da depressão

Qualquer médico concordará que um sono suficientemente reparador é fundamental para a nossa qualidade de vida. Um sono curto, agitado e não reparador pode ter efeitos devastadores na nossa saúde a longo prazo, inclusive podendo ocasionar problemas cardíacos, diabetes tipo 2 e depressão, uma das principais doenças psiquiátricas.

Há uma evidente relação entre a qualidade do sono e a nossa saúde mental. Uma série de condições psiquiátricas causa problemas de sono, assim como os distúrbios do sono podem agravar os sintomas de várias doenças mentais, como depressão, Burnout, bipolaridade e transtorno do pânico, apenas para citar algumas.

Nossos especialistas prepararam esse conteúdo correlacionando doenças psiquiátricas e distúrbios do sono. O objetivo é apresentar importantes informações sobre as manifestações do sono em doenças psiquiátricas, mesmo porque muita gente desconhece tais situações, e acabam não buscando o tratamento necessário e indicado.

Buscar tratamento médico é fundamental quando os distúrbios do sono nos roubam qualidade de vida.

O que é depressão?

Trata-se de uma doença psiquiátrica crônica e recorrente, que acomete mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo. A depressão é caracterizada principalmente pela alteração do humor, uma profunda tristeza, desesperança, amargura, baixo estima e pode ser absolutamente incapacitante. É acompanhada de distúrbios do sono e do apetite.

Popularmente, dizemos que “estamos deprimidos” quando estamos muito tristes. A depressão vai muito além desta condição momentânea, porque é uma doença psiquiátrica que pode aparecer em grau leve, moderado e grave, atingindo todas as idades, incluindo crianças. No estado grave, há perigo, inclusive, de suicídio.

A depressão tem fatores genéticos em sua causa e pode ser desencadeada por uma disfunção bioquímica do cérebro. Mas uma pessoa pode ser acometida pela doença por um trauma na infância, estresse, alcoolismo, consumo de drogas ilícitas e algumas doenças sistêmicas (como, por exemplo, hipotireoidismo).

Os principais sintomas são: alteração de peso, problemas psicomotores, cansaço, dificuldade de concentração, sentimento de culpa excessivo, baixa estima, alteração da libido, ideias suicidas e tristeza profunda. Pessoas deprimidas costumam ter insônia ou sonolência excessiva.

Como a depressão interfere no sono?

Como você já sabe, a insônia pode ser um sintoma de depressão, e estudos científicos recentes apontam que a falta de sono pode causar essa doença psiquiátrica. Segundo alguns estudos, quem é acometido pela insônia tem um risco dobrado de desenvolver depressão, se comparado com quem dorme bem.

Segundo o portal Verywell Mind, especializado em saúde mental, um estudo sobre o impacto da falta de sono em sintomas de depressão, com 3.700 pacientes, apresentou um resultado revelador: os participantes que foram tratados com terapia cognitivo-comportamental (TCC) para a insônia apresentaram reduções reais na depressão, na ansiedade, na paranoia e em episódios de pesadelo, além de relatarem melhora no bem-estar. O mesmo impacto não foi sentido por aqueles que não receberam tratamento algum.

O que é bipolaridade?

A bipolaridade, ou transtorno bipolar, alterna episódios de depressão e euforia. É um distúrbio psiquiátrico complexo, com crises de mania e hipomania que podem ser leves, moderadas ou graves, com frequência e duração variadas. Segundo manuais internacionais de classificação diagnóstica, a bipolaridade se apresenta de quatro formas:

• Transtorno bipolar tipo I;

• Transtorno bipolar tipo II;

• Transtorno bipolar não especificado ou misto;

• Transtorno ciclotímico.

Não se sabe a causa do transtorno bipolar, mas sabe-se que há fatores genéticos e alterações cerebrais e nos níveis de vários neurotransmissores. Os sinais da doença podem ser confundidos com a esquizofrenia, a depressão, a síndrome do pânico e ansiedade, daí a necessidade de um acompanhamento especializado.

Entre outros sintomas, o acometido apresenta oscilação de humor, tristeza profunda, desinteresse geral, isolamento social, cansaço, dificuldade de concentração, esquecimentos e ideias suicidas. Há, ainda, alterações de sono frequentes, como insônias e ciclos irregulares de sono e vigília e episódios de pesadelos.

Um sono não reparador afeta a bipolaridade?

Sim. A redução do sono pode provocar sintomas de mania e hipomania. Segundo um estudo de revisão clínica publicado pela ScienceDirect, intitulado “Perturbação do sono-vigília no transtorno bipolar interepisódico e indivíduos de alto risco: uma revisão sistemática e meta-análise”, alterações no ciclo do sono e de vigília foram o ponto de partida de um episódio maníaco em 25% a 65% dos entrevistados.

Insônia e ciclos irregulares de sono e vigília são sintomas da doença e tem significativa importância no curso da doença, nos resultados do tratamento e na qualidade de vida da pessoa bipolar.

O que é Burnout?

A Síndrome do Burnout é uma doença psiquiátrica causada pela exaustão extrema com relação específica ao trabalho. Popularmente também é conhecida como síndrome do esgotamento profissional, justamente por conta da sua relação intrínseca com a atividade laborativa.

A Síndrome do Burnout é resultado do acúmulo de estresse, tensão emocional, ansiedade, nervosismo e altas cargas de cobrança no trabalho, e pode desencadear uma profunda depressão no paciente. Os principais sintomas são cansaço mental e físico excessivo, dificuldade de concentração, irritabilidade, dores de cabeça e por todo o corpo, isolamento social, pressão alta e lapsos de memória, entre outros.

Acometidos pela doença sofrem de distúrbios do sono, principalmente insônia. É comum não conseguirem dormir ou acordar no meio da noite, com perda do sono. As principais categorias acometidas pela Síndrome do Burnout são professores, policiais, publicitários, bombeiros, assistentes sociais e o pessoal da saúde.

A relação do Burnout com o sono

Diante de tamanho estresse, cansaço mental excessivo, tensão e ansiedade, o acometido por esta doença psiquiátrica costuma perder o sono, o que intensifica todos esses sintomas. É um ciclo vicioso: quanto mais insônia, mais estresse, e mais difícil é sair deste quadro. Uma sequência de revigorantes noites de sono é fundamental para a reconquista da qualidade de vida perdida.

O que é transtorno do pânico?

Uma pessoa acometida pelo transtorno do pânico (TP) tem crises de ansiedade repentinas e muito intensas, causando medo e mal-estar, acompanhados, muitas vezes, de sintomas físicos. As crises acontecem sem hora e contexto definidos e podem durar, em média, de 15 a 30 minutos.

Entre os principais sintomas do transtorno do pânico estão aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração, dor no peito, palidez, suor frio, pernas bambas, calafrios, medo de morrer, tontura, náusea e até vômito e desmaio, nos picos da crise. Ele acontece por conta de estresse extremo.

Como o transtorno do pânico interfere no sono?

De acordo com o artigo intitulado “O sono em transtornos psiquiátricos”, publicado no portal Scielo Brasil, as principais queixas dos pacientes acometidos pelo transtorno do pânico, em relação ao sono, são a insônia inicial ou de manutenção, o sono fragmentado e, sobretudo, não restaurador. Pesquisas revelam, segundo o artigo, que 70% dos pacientes com este transtorno se queixam destes distúrbios do sono.

Há casos, também, de apneia, terror noturno e até refluxo gastroesofágico durante o sono. Muitos pacientes revelam medo de ir dormir e, por isso, relutam em pegar no sono.

O que é deficit de atenção?

O Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)  é um transtorno neurobiológico que aparece principalmente na infância e pode acompanhar a pessoa ao longo dos anos. Os sintomas são desatenção, inquietude e impulsividade. Segundo a Associação Brasileira do Deficit de Atenção (ABDA), o deficit de atenção acomete de 3% a 5% das crianças no mundo inteiro, e em mais da metade dos casos acompanha a pessoa na vida adulta, mas com sintomas em geral mais brandos.

As queixas de sono de quem sofre de deficit de atenção

As principais queixas de sono de portadores de deficit de atenção são uma reduzida carga de sono, dificuldade para acordar pela manhã, sono fragmentado e não restaurador, problemas respiratórios durante o sono e, ainda, muito movimento durante o sono. Crianças portadores de apneia têm mais sintomas associados à síndrome do deficit de atenção, ainda segundo o artigo “O sono em transtornos psiquiátricos”, citado anteriormente. De acordo com o conteúdo, quando não medicados, os pacientes podem ter aumento da sonolência diurna

O que é esquizofrenia?

De acordo com o Instituto de Psiquiatria Paulista, 1% da população do mundo é acometida pela esquizofrenia, doença psiquiátrica endógena, caracterizada por alucinações visuais e auditivas.

Entre os sintomas estão a dificuldade de cuidar da higiene pessoal, a aparência de não sentir emoções e não ligar para a realidade, o olhar perdido, delírios, alucinações, pensamentos desorganizados e comportamento motor anormal.

A doença não tem cura, e não se sabe exatamente o que a causa. Mas há predisposição genética, histórico familiar, inflamações ou doenças autoimunes e uso excessivo de drogas psicoativas durante a juventude e a adolescência.

A esquizofrenia e o sono

A agitação psicótica pode ser acompanhada de períodos longos de falta de sono, mas quando melhora muitos esquizofrênicos apresentam insônia. Pesadelos são absolutamente comuns, assim como excessivo movimento de membros inferiores durante o sono. Segundo estudos psiquiatras, a apneia pode agravar os sintomas esquizofrênicos. Os medicamentos antipsicóticos em geral aumentam a eficiência do sono

O que é estresse?

Não confunda estresse com cansaço, mesmo um cansaço profundo. Muita gente se diz estressada depois de um pesado dia de trabalho ou após um desafio difícil de alcançar. Isso é exaustão, um cansaço extremo. O estresse é um mecanismo fisiológico do organismo que libera uma série de mediadores químicos (popularmente chamados de adrenalina), com aumento do batimento cardíaco e da pressão arterial. É causado pelo acúmulo de pequenos problemas cotidianos, que podem trazer danos à nossa saúde.

O estresse em altas doses e repetitivo pode proporcionar uma crise de angina, que pode levar ao infarto, inclusive. Também provoca dores musculares no corpo todo, principalmente na região cervical da coluna, e até alterações de pele. Na verdade, o estresse não é categorizado na classificação internacional das doenças, mas é presença comum nos consultórios médicos, principalmente de psiquiatras.

A hipertensão, lesões nas coronárias e a hipertrofia cardíaca podem ser consequência do estresse. Vale pontuar que níveis altos de estresse favorecem o uso de drogas, álcool, quadro de depressão, de ansiedade e de somatização. Os médicos consideram uma boa noite de sono revigorante fundamental para diminuir e até terminar com o estresse, ao lado, claro, de outras atitudes, como se divertir, se distrair, se exercitar, se alimentar bem e descansar.

O estresse atrapalha seu sono

Um dos sinais de estresse é a alteração do sono. É muito comum uma pessoa estressada dormir demais ou, ao contrário, dormir por um período muito curto. E isso traz outros sintomas, como alteração do humor, cansaço, tensão muscular, problemas de atenção e concentração e ansiedade e depressão, entre outros.

A insônia é uma doença?

Um em cada três brasileiros sofrem de insônia, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina do Sono. Trata-se de um dos mais conhecidos distúrbios do sono, causado por fatores psicofisiológicos, como ansiedade, estresse e excessiva preocupação. Problemas de saúde mental, entre outros, são fatores de risco.

Como a insônia interfere no sono e na sua saúde?

De acordo com os neurologistas, a insônia acontece a partir de um desequilíbrio em áreas do cérebro que contribuem com a manutenção do ciclo de sono/vigília, alterando o sono. A insônia crônica, não tratada, traz sérios riscos para a nossa saúde mental, a médio e longo prazos.

A insônia é considerada um distúrbio do sono quando acontece ao menos três vezes na semana, regularmente, não importa se em dias consecutivos ou não. O distúrbio é uma porta para problemas de saúde mental (como depressão e ansiedade), doenças cardiovasculares, respiratórias e até musculoesqueléticas.

Na verdade, há uma relação direta da qualidade do sono com a eficiência das defesas do organismo no combate a inúmeras doenças. A insônia tem consequência direta e negativa sobre essa eficiência, diminuindo, e muito, a nossa resistência.

Actigrafia, tecnologia de ponta no tratamento dos distúrbios do sono

Na maior parte das vezes semelhante a um relógio de pulso, o actígrafo é um moderno aparelho utilizado para monitorar ciclos de atividade e repouso. O objetivo é colher uma série de importantes informações para estudo do ritmo do sono e da vigília. A actigrafia, também chamada de actimetria, é uma tecnologia de ponta aliada do tratamento dos distúrbios do sono.

O paciente deve utilizá-lo preso ao pulso, no braço não dominante, ao longo do período de estudo. Durante todo esse tempo, o actígrafo vai colher, registrar e compilar toda a movimentação da pessoa por meio de acelerômetros. Actígrafos ainda mais modernos têm sensores de temperatura e luminosidade, que permitem uma análise ainda mais profunda.

A actigrafia identificará distúrbios de sono e ritmicidade circadiana,oferecendo ao médico assistente o tempo do paciente em cama, episódios de sono ocorridos ao longo do dia e uma série de outros dados que serão fundamentais para o diagnóstico e tratamento do problema. A Actigrafia também é  utilizada por psiquiatras para estudo do sono.

Conclusão

Alterações e distúrbios do sono acontecem na maioria das doenças psiquiátricas. Em geral, os pacientes queixam-se de insônia e, quando conseguem dormir, é comum terem pesadelos. As principais queixas referem-se à dificuldade de ir dormir (insônia inicial), a manutenção do sono  e a dificuldade de estabelecer um sono reparador.

Os médicos concordam que há uma associação clara entre transtornos psiquiátricos e distúrbios do sono. Uma pessoa com apneia do sono, por exemplo, apresenta maiores níveis de ansiedade, cansaço e outros sintomas, como dor de cabeça e dor na coluna cervical, por exemplo.

Não há dúvidas de que um sono reparador tem um efeito extremamente benéfico para as pessoas, ainda mais para quem sofre de alguma doença psiquiátrica. Um sono reparador é capaz, inclusive, de reduzir a quantidade de medicação ministrada pelo médico. As doenças mentais e os distúrbios do sono têm uma relação direta de causa e efeito, portanto é fundamental tratá-los.

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